Dr. Mauro Gracitelli

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Epicondilite medial

O que é a epicondilite medial?

A epicondilite medial se caracteriza pelo processo inflamatório e degenerativo da origem dos tendões flexores do antebraço. Esses tendões são aqueles responsáveis pela flexão, ou seja, para dobrar o punho e dos dedos.

A epicondilite medial ocorre em aproximadamente 0,5% da população geral em idade produtiva, e apresenta maior prevalência na faixa etária de 45 a 55 anos. A maioria dos pacientes (75%) apresentam sintomas no membro superior dominante. A epicondilite lateral ocorre cerca de 7 a 10 vezes mais que a medial.

O que causa a epicondilite medial?

A causa principal da epicondilite medial é a sobrecarga repetitiva dos músculos flexores do antebraço. Diversos esportes e atividades podem gerar essa sobrecarga, como o golfe, o tênis e a musculação. Um evento único traumático também pode gerar a epicondilite. Atividades de trabalho que necessitam de movimentação repetitiva dos flexores também estão asssociados à epicondilite medial.

Quais os sintomas e como é feito o diagnóstico da epicondilite medial?

A epicondilite medial causa dor na parte medial (ou interna) do cotovelo. A dor pode irradiar para o antebraço, mas tem seu ponto mais doloroso próximo ao osso medial do cotovelo (epicondilo medial).

A neuropatia do nervo ulnar no cotovelo pode estar associada à epicondilite medial. Essa neuropatia significa uma compressão do nervo ulnar (síndrome do túnel cubital), que está logo posterior ao epicondilo medial e pode causar parestesia (formigamentos) no 4° e 5° dedos da mão e até perda de força nos casos mais graves.

Em algumas casos, a epicondilite medial pode estar associada à instabilidade medial do cotovelo. A instabilidade do cotovelo ocorre em praticantes de esportes de arremesso, que realizem o movimento em valgo de modo repetitivo, que pode causar lesões nos ligamentos mediais do cotovelo.

Exames de imagem são necessários apenas nos casos respondem ao tratamento inicial ou nos casos em que há dúvida quanto ao diagnóstico. O exame de ultrassom e a ressonância magnética são os mais utilizados e tem boa acurácia para o diagnóstico da epicondilite medial.

Qual é o tratamento da epicondilite medial?

O tratamento da epicondilite é não-operatório e deve ser ajustado às atividades de cada paciente e, como princípios gerais, baseia-se no controle da dor, na reabilitação da musculatura acometida e na prevenção. Apresenta uma taxa de sucesso de 88 a 96%. Para o controle da dor, diversas medidas podem ser indicadas pelo médico, como o uso de medicações anti-inflamatórias orais e tópicas, órteses e imobilizações e terapias como a fisioterapia ou a acupuntura. Infiltrações também podem ser indicadas caso as medidas prévias não sejam eficazes, mas apresentam alguns riscos e não são realizadas de rotina. A reabilitação baseia-se no alongamento da musculatura flexora, que quando realizado com ativação da musculatura antagonista pode ser mais eficaz, e no fortalecimento (para a fase mais tardia).

Como é a prevenção da epicondilite medial?

Após a recuperação da fase aguda dolorosa, a prevenção deve ser realizada, evitando novas crises e recidiva da dor. Alongamento e fortalecimento devem ser realizados de maneira padronizada e frequente. Ajustes no ambiente de trabalho devem ser feitos, evitando-se também a flexão repetitiva do punho e dedos. O treino do gesto esportivo, principalmente no tênis ou no golfe devem ser realizados, evitando o movimento de flexão forçada do punho, para diminuir a sobrecarga muscular da região flexora.

Como é o tratamento cirúrgico da epicondilite medial?

A cirurgia raramente é necessária nessa doença, pois as medidas de reabilitação, quando bem realizadas, resolvem o quadro doloroso. Eventualmente, a epicondilite medial pode persistir apesar do tratamento correto e prolongado. Nesses raros casos, a cirurgia pode ser necessária.

Existem diversas técnicas disponíveis para o tratamento cirúrgico e elas se baseiam na remoção dos tecidos doentes. Nos casos em que há alguma alteração do nervo ulnar, o mesmo deve ser tratado. A descompressão da região do túnel cubital é o procedimento mais comumente realizado. O nervo pode ser, em algumas técnicas, transposto, ou seja, transferido, para uma região mais anterior, que pode estar acima ou abaixo dos músculos do antebraço.


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