Síndrome do Desfiladeiro Torácico
O que é a Síndrome do Desfiladeiro Torácico?
A síndrome do desfiladeiro torácico é uma condição causada pela compressão das estruturas neurovasculares (nervos e vasos sanguíneos) na região do desfiladeiro torácico, localizada entre a clavícula e a primeira costela, ou em outros espaços anatômicos próximos. Essas estruturas comprimidas podem incluir o plexo braquial, a artéria subclávia e a veia subclávia. A compressão do plexo braquial é a mais comum, levando a sintomas neurológicos, mas compressões vasculares também ocorrem, embora sejam menos frequentes.
Quais são as causas da Síndrome do Desfiladeiro Torácico?
A Síndrome do Desfiladeiro Torácico pode ser causada por várias anormalidades anatômicas, como a presença de costelas cervicais, processos transversos proeminentes da vértebra C7, ou variações nos músculos, como o músculo escaleno anterior. Também pode resultar de traumas que deformam a região ou de movimentos repetitivos que causam inflamação e compressão. As anormalidades congênitas e os fatores adquiridos, como lesões e atividades físicas extenuantes, contribuem para o desenvolvimento da síndrome.
Quais são os tipos de compressão na Síndrome do Desfiladeiro Torácico?
A compressão pode ocorrer em diferentes locais dentro do desfiladeiro torácico:
- Triângulo intercosto-escalênico: Onde o plexo braquial e os vasos subclávios podem ser comprimidos entre o músculo escaleno anterior e a primeira costela.
- Espaço costoclavicular: Entre a clavícula e a primeira costela, onde o feixe neurovascular pode ser comprimido.
- Espaço retropeitoral: Atrás do músculo peitoral menor, onde a compressão pode afetar tanto estruturas nervosas quanto vasculares.
Quais são os sintomas da Síndrome do Desfiladeiro Torácico?
Os sintomas da síndrome do desfiladeiro torácico podem variar amplamente, dependendo da estrutura comprimida e da gravidade da compressão. Os sintomas podem ser divididos em três categorias principais: neurológicos, venosos e arteriais.
Sintomas Neurológicos
A compressão dos nervos do plexo braquial, que é a forma mais comum da síndrome, pode causar uma variedade de sintomas:
Dor: A dor é geralmente descrita como uma sensação de queimação, formigamento ou peso, que pode irradiar do pescoço até o braço, antebraço e mão. Essa dor é frequentemente exacerbada por atividades que envolvem o levantamento do braço acima da cabeça, como pentear o cabelo ou alcançar objetos em prateleiras altas.
Fraqueza Muscular: Pacientes podem sentir fraqueza nos músculos do ombro, braço e mão, dificultando tarefas simples como segurar objetos ou digitar. O diagnóstico diferencial de lesões do manguito rotador é importante.
Formigamento e Dormência: Sensações de formigamento ou dormência podem ser sentidas nos dedos, especialmente no anelar e no dedo mínimo, e em partes do braço. Esses sintomas são frequentemente piores à noite ou após longos períodos em uma mesma posição, como ao dirigir ou usar o computador.
Perda de Coordenação e Precisão: Em casos mais graves, a compressão nervosa pode levar a dificuldades em realizar movimentos finos e precisos, como abotoar uma camisa ou manipular pequenos objetos.
Sintomas Venosos
Quando a veia subclávia é comprimida, pode haver sintomas relacionados à circulação sanguínea:
Inchaço: O braço pode inchar, especialmente após atividades físicas ou ao final do dia. Esse inchaço pode ser acompanhado de uma sensação de peso ou desconforto.
Cianose: A pele do braço afetado pode apresentar uma coloração azulada ou arroxeada, indicando que o sangue venoso não está retornando adequadamente ao coração.
Dor: A dor na forma venosa da SDT é geralmente um desconforto surdo e constante, que pode se intensificar com a elevação do braço.
Sintomas Arteriais
Embora menos comum, a compressão da artéria subclávia pode levar a sintomas graves:
Frieza e Palidez: O braço afetado pode parecer mais frio e pálido em comparação ao outro braço, especialmente após atividades que aumentam a demanda sanguínea.
Dor Isquêmica: A dor causada pela falta de fluxo sanguíneo (isquemia) pode ser intensa e aumentar durante o exercício físico. Essa dor pode se espalhar do ombro para o braço e, em alguns casos, para o peito.
Pulsos Reduzidos: Em casos graves, o pulso radial (no pulso) pode estar diminuído ou ausente, indicando um comprometimento significativo do fluxo arterial.
Sintomas Gerais e Considerações Adicionais
Pacientes com Síndrome do Desfiladeiro Torácico podem apresentar uma combinação desses sintomas, dependendo de quais estruturas estão comprimidas. Além dos sintomas específicos, os pacientes frequentemente relatam sensação de fadiga no braço, especialmente após uso prolongado ou repetitivo. O diagnóstico precoce e a avaliação cuidadosa dos sintomas são fundamentais para evitar complicações e iniciar o tratamento adequado.
Os fisioterapeutas e ortopedistas devem estar atentos a esses sinais, especialmente quando os sintomas se apresentam de maneira vaga ou intermitente, já que a síndrome pode ser confundida com outras condições ortopédicas, como tendinites, bursites ou até mesmo problemas na coluna cervical.
Como é feito o diagnóstico da Síndrome do Desfiladeiro Torácico?
O diagnóstico é baseado em uma avaliação clínica detalhada, que inclui a história do paciente, exame físico e manobras provocativas específicas. Exames de imagem como a ressonância magnética, a ultrassonografia e a tomografia computadorizada podem ajudar a identificar compressões e anomalias anatômicas. Estudos neurofisiológicos também podem ser úteis para avaliar a condução nervosa e confirmar a compressão nervosa.
Como é feito o exame físico para a Síndrome do Desfiladeiro Torácico?
O exame físico é uma etapa fundamental na avaliação da síndrome do desfiladeiro torácico. Durante o exame, o médico ou fisioterapeuta busca identificar sinais de compressão nervosa, venosa ou arterial no desfiladeiro torácico. O exame físico pode incluir uma série de manobras e testes específicos para provocar ou aliviar os sintomas, ajudando a confirmar o diagnóstico. Aqui estão alguns dos principais testes e manobras realizados:
Teste de Adson
No teste de Adson, o paciente é instruído a estender o pescoço, virar a cabeça para o lado afetado e inspirar profundamente enquanto o examinador palpa o pulso radial. Uma diminuição ou desaparecimento do pulso sugere compressão da artéria subclávia, indicando um possível desfiladeiro torácico.
Teste de Roos (Teste de Manobra de Elevação dos Braços)
Para realizar o teste de Roos, o paciente eleva ambos os braços acima da cabeça com os cotovelos dobrados a 90 graus. O paciente então abre e fecha as mãos repetidamente por até três minutos. O teste é positivo se o paciente relatar dor, formigamento, dormência ou se a força diminuir significativamente antes do final do teste. Este teste é útil para avaliar a compressão neurovascular, especialmente do plexo braquial.
Teste de Wright
Neste teste, o braço do paciente é abduzido e externamente rotacionado enquanto o examinador palpa o pulso radial. O teste é considerado positivo se houver uma diminuição do pulso ou se os sintomas forem reproduzidos, sugerindo compressão no desfiladeiro torácico.
Teste de Compressão Costoclavicular
O paciente é posicionado com os ombros para trás, em uma postura militar, com o peito para frente e a cabeça ereta. O examinador então comprime as clavículas contra a primeira costela. O teste é positivo se o pulso radial diminuir ou se houver reprodução dos sintomas, sugerindo compressão entre a clavícula e a primeira costela.
Teste de Halsted
Também conhecido como teste de depressão escapular, o examinador aplica pressão para baixo no ombro do paciente enquanto o pescoço é estendido e a cabeça é virada para o lado oposto. A diminuição do pulso radial ou o aparecimento de sintomas indicam uma possível compressão na região do desfiladeiro torácico.
Inspeção e Palpação
Além dos testes específicos, o exame físico também inclui a inspeção visual e a palpação das áreas envolvidas. O examinador procura por assimetria, atrofia muscular, e palpação de áreas de tensão ou dor. A postura do paciente, como ombros caídos ou cifose, também pode ser avaliada, pois essas características podem contribuir para a compressão no desfiladeiro torácico.
Esses testes ajudam a avaliar a funcionalidade do desfiladeiro torácico e a identificar as áreas específicas de compressão que causam os sintomas. Embora nenhum desses testes seja 100% preciso sozinho, uma combinação de resultados positivos em vários testes pode aumentar a suspeita diagnóstica da síndrome do desfiladeiro torácico.
Exames de Imagem no Diagnóstico da Síndrome do Desfiladeiro Torácico
Os exames de imagem desempenham um papel crucial no diagnóstico e na avaliação da Síndrome do Desfiladeiro Torácico, ajudando a identificar compressões e anomalias estruturais que podem não ser evidentes apenas no exame físico. Aqui estão os principais exames de imagem utilizados:
Radiografia (Raio-X)
A radiografia simples é frequentemente o primeiro exame de imagem realizado. Ela pode revelar anomalias ósseas, como costelas cervicais, hipertrofia da primeira costela ou alterações na clavícula, que podem contribuir para a compressão das estruturas neurovasculares no desfiladeiro torácico.
Ultrassonografia
A ultrassonografia com doppler é uma ferramenta útil para avaliar a compressão dinâmica das artérias e veias à medida que o paciente realiza movimentos que exacerbam os sintomas. Ela também pode ser usada para visualizar a presença de trombose venosa associada à síndrome venosa do desfiladeiro torácico e pode avaliar redução do fluxo arterial e venoso com as manobras.
Tomografia Computadorizada (TC) com Angiografia
A tomografia computadorizada com angiografia é particularmente útil para avaliar a compressão das estruturas vasculares, como a artéria subclávia. Este exame pode ser realizado em diferentes posições dos braços para simular as posturas que desencadeiam os sintomas, ajudando a identificar a localização exata da compressão.
Ressonância Magnética (RM)
A ressonância magnética é considerada o exame de escolha para a avaliação detalhada dos tecidos moles, incluindo os nervos do plexo braquial, músculos e tendões. A RM pode identificar anomalias estruturais, como músculos anômalos ou fibroses, que podem contribuir para a compressão. Além disso, a RM pode ser usada para avaliar a qualidade muscular e a presença de atrofia em casos de compressão nervosa crônica.
Angiografia por Ressonância Magnética (MRA)
A MRA é uma variação da RM que permite a visualização dos vasos sanguíneos sem a necessidade de contraste iodado. Este exame é útil para avaliar a compressão das artérias e veias e pode ser realizado em diferentes posições dos braços para reproduzir os sintomas.
Angiografia Convencional
Embora menos comum, a angiografia convencional pode ser realizada para uma avaliação detalhada das artérias e veias. Este exame invasivo envolve a injeção de contraste diretamente nos vasos sanguíneos e pode ser usado quando outros exames não fornecem informações conclusivas.
Estudos Dinâmicos de Imagem
Estudos de imagem dinâmicos, como a RM ou a TC realizadas em diferentes posições dos braços (por exemplo, com os braços acima da cabeça), são fundamentais para diagnosticar a Síndrome do Desfiladeiro Torácico, pois podem mostrar a compressão que ocorre apenas em certas posturas. Estes estudos ajudam a diferenciar a Síndrome do Desfiladeiro Torácico de outras condições que podem ter sintomas semelhantes.
Esses exames de imagem, quando utilizados em conjunto com o exame físico e a avaliação clínica, são essenciais para confirmar o diagnóstico de Síndrome do Desfiladeiro Torácico, identificar o local exato da compressão e planejar o tratamento mais adequado para cada paciente.
Quais são as opções de tratamento conservador?
O tratamento conservador é a primeira linha de abordagem, especialmente para a forma neurogênica. Inclui fisioterapia para corrigir a postura e melhorar a biomecânica, uso de medicamentos anti-inflamatórios e modificações nas atividades diárias. A fisioterapia focada no controle da dor e no reequilíbrio muscular pode ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Quais são as principais opções de tratamento cirúrgico?
Nos casos em que o tratamento conservador falha, a cirurgia pode ser necessária. A descompressão cirúrgica é realizada por cirurgiões torácicos ou vasculares, que removem a primeira costela ou seccionam os músculos escaleno anterior e médio para liberar o espaço de compressão. É importante que ortopedistas estejam atentos a essa condição, pois muitas vezes são os primeiros a avaliar pacientes com sintomas, que podem ser confundidos com problemas da coluna cervical, do ombro ou do cotovelo.